O Greenpeace lançou na manhã desta quinta-feira (22), em Manaus (AM), uma campanha para que o governo crie uma lei com a proposta de zerar a taxa de desmatamento no Brasil.
De acordo com o Greenpeace, o objetivo é coletar assinaturas para levar ao Congresso Nacional a proposta de criação da lei, por meio da iniciativa popular, que reduza do desflorestamento no país, principalmente na Amazônia.
Segundo a ONG, que se juntou a outras instituições ambientais e sociais, ao menos 1,4 milhão de assinaturas serão coletadas pelo país e haverá a veiculação de vídeos sobre o tema estrelados por atores como Marcos Palmeira e Camila Pitanga.
O lançamento da campanha nacional em Manaus coincide com o início do Fórum Mundial de Sustentabilidade, que segue até o próximo sábado. “As razões para lançarmos a campanha em Manaus foram muitas: a cidade está no coração da Amazônia [...] e estaremos aqui até termos certeza de que a Amazônia está definitivamente protegida para o bem de todas as gerações”, disse.
Ele comentou que a presença de líderes empresariais durante o encontro é importante para que a mensagem de combate ao desmatamento seja melhor propagada. “A mensagem que eu levaria para eles é que o Brasil quer um futuro sem destruição das florestas e essa realidade começa com a lei do Desmatamento Zero”.
Economia verde e Código Florestal – Em entrevista ao G1, Kumi Naidoo afirmou que o país não precisa desmatar as florestas para se desenvolver. “O Brasil é hoje a sexta maior economia do mundo. Ele se tornou a sexta maior economia vendo uma queda no desflorestamento. Isto é uma prova de que não é preciso destruir florestas para continuar sendo forte no cenário internacional. No entanto, este país ainda é o segundo maior desmatador, depois da Indonésia”.
Sobre o Código Florestal brasileiro, Naidoo ressaltou que as mudanças feitas são ultrapassadas. “As mudanças são todas sobre o passado: esquecer os crimes ambientais do passado e abertura de novas áreas de desflorestamento. É muito errado. A lei do Desmatamento Zero é uma iniciativa de pessoas juntas, relacionada ao futuro. A mensagem é clara: precisamos de leis para proteger a floresta e as gerações futuras”, destacou.
Na cerimônia, a vice-coordenadora da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Sônia Guajajara, ressaltou que o Brasil vive um momento de retrocesso.
“Ontem (quarta-feira) foi aprovada a PEC 215/00, que trata da demarcação de terras indígenas, na Comissão de Constituição e Justiça, na Câmara dos Deputados. Índio sem terra não é nada, ele não existe. Queremos território, queremos biodiversidade. Esta aprovação representa somente os interesses de uma classe econômica que só pensa no capitalismo. Não podemos permitir isto”, afirmou.
De acordo com o procurador-geral da República no Pará, Felício Pontes Júnior, a lei de iniciativa popular é importante por medir o que a sociedade brasileira espera para o futuro do país.
“Nós, brasileiros, conseguimos desmatar cerca de 20% da Amazônia nos últimos anos. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Amazônia é menor que a media nacional e é, por si só, uma vergonha.
Vivemos em um modelo de desenvolvimento predatório. Este é um grande teste de maturidade do povo brasileiro”, disse.
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