quarta-feira, 18 de julho de 2012

Estudo: desmatamento que já ocorreu ainda acabará com espécies


Um estudo divulgado nesta quinta-feira e que será publicado amanhã naScience afirma que a maior parte das extinções na Amazônia brasileira ainda está por vir. A perda de habitat não causa a extinção imediata de uma espécie - leva um tempo até que um grupo de animais desapareça completamente, e esse lapso é chamado de "débito de extinção". Segundo o estudo, 80 a 90% das extinções de espécies causadas pelo desmatamento já feito ainda vão ocorrer.
Com uma equipe que reuniu de ecologistas a matemáticos, o Imperial College London, a Sociedade Zoológica de Londres e a Universidade Rockefeller (EUA) criaram uma fórmula para estimar o "débito de extinção". Eles então criaram quatro cenários para 2050 na floresta. O melhor deles é o previsto pelo governo brasileiro - o fim de todo desmatamento em 2020. Neste, os ecossistemas locais terão perdido em média 12 espécies e outras 19 estarão condenadas no final dessas quase quatro décadas. No pior cenário, sem nenhuma regulação do governo, as espécies locais podem desaparecer completamente fora de áreas de conservação.
Britaldo Silveira Soares Filho, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), comentou o estudo em artigo separado na Science. Segundo o pesquisador, o modelo é útil para planejamento, mas nenhum modelo é perfeito. "Primeiro, 50% da floresta amazônica está protegida agora; e segundo, o aumento das políticas verdes no Brasil faz com que essas previsões pareçam improváveis", diz o brasileiro.
Os pesquisadores britânicos e americanos, por outro lado, afirmam que o modelo provê uma janela de oportunidade para salvar essas espécies. "Eu gostaria de pensar que as pessoas vão olhar para os dados e dizer 'agora sabemos exatamente onde estão os maiores débitos de extinção e nós podemos mirar essas áreas em particular para conservar as espécies que ainda estão ali'", diz Robert Ewers, líder do estudo, ao site da revista Nature.

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