quarta-feira, 25 de abril de 2012

Desmatamento na Amazônia Legal no mês de março foi 15% menor, registra Imazon


O desmatamento da Amazônia Legal em março atingiu 53 quilômetros quadrados, área 15% maior que a de março de 2011, quando foram desmatados 46 quilômetros quadrados. Os dados são do Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon).
Cerca de 60% do desmatamento ocorreu em Mato Grosso. O Pará está em segundo lugar, com 25% e Rondônia em terceiro, com 9%.
Entretanto, houve redução de 22% do desmatamento acumulado entre agosto de 2011 a março de 2012, totalizando 760 quilômetros quadrados a menos de floresta. No período anterior (de agosto de 2010 a março de 2011), foram desmatados 969 quilômetros quadrados.
Na análise dos dados de florestas degradadas na Amazônia Legal, o Imazon registra um índice de 40 quilômetros quadrados. O número é 87% menor do que em março do ano passado, quando a degradação florestal somou 298 quilômetros quadrados. Florestas degradadas são áreas não desmatadas, mas que apresentam problemas como incêndio florestal ou exploração madeireira de alta intensidade, prejudicando o solo.
Nesse caso, Mato Grosso também lidera o índice, com 67%, seguido pelo Amazonas, com 15%, Rondônia, com 10% e Pará, com 7%.
Também houve redução de 62% na degradação florestal acumulada. No período de agosto de 2011 a março de 2012, foram 1.568 quilômetros quadrados. Enquanto que, no mesmo período anterior, o número registrado foi 4.111 quilômetros quadrados.
O desmatamento na Amazônia Legal foi responsável pela emissão de 3,6 milhões de toneladas de gás carbônico equivalente.
O Imazon faz um monitoramento paralelo ao do governo do desmatamento da região. O monitoramento oficial na Amazônia é feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Segundo o Inpe, em março deste ano, foram desmatados 59 quilômetros quadrados na Amazônia. Mato Grosso foi o estado campeão, com 33 quilômetros quadrados desmatados.

Queimadas crescem 66% em MT e brigadistas vão reforçar combate


Duzentos e sessenta e dois brigadistas vão reforçar as ações de combate e prevenção a incêndios florestais nos municípios de Mato Grosso. Eles vão ser recrutados e formados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama) em uma ação realizada em parceria com prefeituras. O Centro Especializado em Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais - Prevfogo -  já recebeu autorização para contratar os profissionais temporiamente.

O foco, conforme define a superintendente do Ibama no estado, Cibele Ribeiro, é antecipar-se ao período considerado mais crítico no estado, quando o número de focos de calor aumenta consideravelmente. Ao todo, serão três eixos com atuação de brigadistas: Cuiabá, Barra do Garças e Sinop.

Na região da capital, receberão brigadistas as cidades de Brasnorte, Comodoro e Cáceres. Na região de Barra serão Luciara, Cocalinho, Confresa e São Félix do Araguaia. Já no eixo Sinop, Cotriguaçu, Novo Mundo e Nova Ubiratã.
A escolha baseou-se em análises realizadas pelo Ibama. "O trabalho começa com identificação de municípios com habilidade a receberem as brigadas, focos [de calor] no ano passado, se há unidade de conservação, terras indígenas", destacou Cibele. Os investimentos devem somar R$ 2,2 milhões, volume maior quando comparado ao destinado no ano passado, em pouco mais de R$ 1 milhão.
Somente neste ano, o número de queimadas registradas pelos satélites do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) aumentou 66%. Entre 1º de janeiro ao último dia 15 de abril foram 183 registros medidos pelo NOAA 15 Noite. No mesmo período do ano passado, 110.

Em 2012, o município de Cáceres, a 250 quilômetros de Cuiabá, figura na primeira posição do ranking onde mais se registraram focos de calor: 42. Poconé, a 104 quilômetros de Cuiabá, com 21 focos, é a segunda colocada. Em terceiro aparece Canarana, a 838 km, com 14.

Em 2011, igual época, Poconé aparecia em primeiro, com 48 casos, Barão de Melgaço e Cáceres com dez, respectivamente. Neste mesmo ano, o período de proibição às queimadas vigorou entre 1º de julho e 15 de outubro.

Brasil
Em âmbito Brasil, os 183 focos de calor contabilizados este ano colocam Mato Grosso na quarta posição dentre os estados com maiores ocorrências. O primeiro lugar é ocupado pela Bahia (489), seguida por Mato Grosso do Sul (321) e Minas Gerais (293).

Mecanização dos canaviais não acaba com as queimadas



O cultivo da cana-de-açúcar sempre foi um vilão para os ambientalistas. Eles alegam que, por se tratar de uma monocultura em grande escala, desgasta rapidamente grandes extensões territoriais. Além, claro, da prática da queimada, que aumento o acúmulo de gases do efeito estufa na atmosfera.
“A monocultura não tem rodízio no solo, só isso já faz esgotar os nutrientes. O solo submetido a queimadas provoca a mudança de PH e a drástica redução da umidade. Em áreas como a do norte fluminense, com a prática da monocultura e de queimadas, o desgaste do solo só é suprido com a reposição de insumos agrícolas, orgânicos ou químicos, o que encarece a produção”, afirma Gilberto Pessanha, do departamento de Engenharia Cartográfica da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) e professor do departamento de Análise Geoambiental da UFF (Universidade Federal Fluminense).






Seus cálculos dizem que o solo, sem a utilização de insumos químicos, leva mais de quinze anos para se recuperar das queimadas. Por isso amecanização gera melhorias ambientais significativas. “Interromper a queimada facilita a colheita, é uma atitude inteligente. A palha que deixa de ser queimada passa a ter um importante papel na fertilização natural do solo. “É um rico adubo que, naturalmente, auxilia no processo de produção”, diz Pessanha.
Os caminhões utilizados no transporte da cana cortada pelos “dinossauros” mecânicosprecisam ser fechados. A cana fica em tamanho uniforme de trinta centímetros, o que dificultaria seu manuseio em caminhões abertos, que tradicionalmente eram utilizados para levar a produção até as usinas, atravessando as estradas do País.
Outros ganhos vêm no estágio do processo de mecanização, com a criação de empregos mais qualificados, voltados para o uso de máquinas, armazenamento e transporte de escoamento da produção da cana. “Cabe às autoridades e usinas a responsabilidade de qualificar esta mão-de-obra para ser absorvida em outros setores. O que já vem ocorrendo em alguns lugares é que se está qualificando funcionários para serem aproveitados como operadores de máquinas. Mas claro que não serão todos”, afirma o engenheiro agrônomo Guilherme Marins.

Não será o fim das queimadas
Ainda que a mecanização avance a passos largos, tanto os usineiros quanto os especialistas em meio ambiente não creem que se esteja entrando numa fase totalmente “limpa”. O secretário de Agricultura de Campos aponta que o desafio atual é atender as pequenas propriedades rurais, aonde a mecanização ainda é bastante tímida. “O Estado do Rio, diferentemente de Goiás ou de São Paulo, outros importantes centros de produção, tem como característica os minifúndios antigos, herdados em família. Isso nos cria um problema porque é caro comprar máquinas para investimento nestas terras. Aí está o gargalo, no atendimento desse maquinário a pequenos agricultores. Eles só se manterão se formarem cooperativas”, afirma Eduardo Crespo.
Há também um aspecto técnico que as colheitadeiras-dinossauros não atendem. Elas não fazem curvas, daí o desenho das plantações obedecer a linhas extremamente retas. Solos desnivelados e encostas também não são aptos. Técnicos agrícolas explicam que o desenho da plantação no solo deve bem específico, obedecendo linhas retas e em terreno sem declives. O canavial precisa ser linear-retangular, com cumprimentos de 500 a 700 metros.
Pelos cálculos da Coagro (Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio), só em 2025 o estado vai alcançar 100% de colheita mecanizada. “A grande dificuldade é que os canaviais devem ser projetados para tal finalidade. Entretanto ainda será preciso um tempo para que possamos renovar os velhos canaviais dentro dos padrões para colheita mecanizada”, diz Guilherme Marins, engenheiro da Coagro.
Nestes casos, uma lei estadual autoriza a queimada em canaviais de forma controlada em pequenas áreas ou locais com morro onde a colheita mecanizada não pode chegar, desde que sob autorização do Instituto Estadual do Ambiente (Inea). “A fiscalização das queimadas será muito mais rígida neste ano. Os produtores que, porventura, descumprirem qualquer etapa do procedimento exigido pela lei podem responder por crime ambiental e ser multados”, afirma Renê Justen, superintendente do Inea.






Comitê discute plano de combate às queimadas


Fazer um planejamento das ações preventivas de combate às queimadas e incêndios florestais. Esse foi o principal objetivo da reunião do Comitê Estadual de Combate às Queimadas e Incêndios Florestais de Rondônia, que aconteceu nesta terça-feira (17) no auditório do Comando Geral do Corpo de Bombeiros Militar, em Porto Velho, sob a presidência do CMT Geral Cel Caetano.

O Comitê Estadual de Prevenção e Combate às Queimadas e Incêndios Florestais tem como objetivo informar e conscientizar a população a desenvolver ações para evitar e minimizar as queimadas no Estado.

As ações do comitê na fase preventiva visam envolver a comunidade local principalmente nos dez municípios/distritos que durante os anos de 2010 e 2011 foram responsáveis pelo maior índice de focos de incêndios em Rondônia. Serão ministradas palestras esclarecedoras; distribuição de folders educativos; formação de brigadas de incêndio. A idéia é chamar administradores e prefeitos para participarem e dividirem com o Estado a responsabilidade de combate às queimadas.

Durante a reunião, Lucindo Martins, coordenador de Proteção Ambiental da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental (Sedam) lembrou aos participantes que a responsabilidade em relação à prevenção e combate às queimadas é de todos e, portanto é necessário que sejam implementadas “ações integradas, envolvendo os vários órgãos, visando ampliar a conscientização e sensibilização de toda a sociedade”.

O Comitê é formado por 31 órgãos e entidade governamentais e não-governamentais. São eles, o Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Sedam, Batalhão Ambiental, Delegacia Especializada de Crimes Contra o Meio Ambiente, Sipam, Ibama, DER, Delegacia Fluvial de Porto Velho, Base Aérea, Incra, Seagri, Idaron, Promotoria de Justiça do Meio Ambiente, Emater, Eletronorte, Embrapa, AROM, Caerd, Federação dos Trabalhadores na Agricultura, Grupo de Trabalho Amazônico, Federação dos Agricultores e Produtores de Rondônia, CPPT/Cuniã, Organização dos Seringueiros de Rondônia, Coordenação da União das Nações e Povos Indígenas de Rondônia, Centro Regional de Vigilância, Unir, Funai, Articulação Central das Associações de Ajuda Mútua, Delegacia Federal de Agricultura e Ceplac.

A riqueza que está no topo

Projeto internacional pretende desvendar mais de 13 milhões de espécies e processos biológicos, ainda desconhecidos, que existem no topo das árvores.

O topo das florestas tropicais está entre as últimas fronteiras da ciência. A porção superior das árvores, chamada de dossel, abriga, segundo a estimativa da professora adjunta do Departamento de Genética da Universidade Federal de Pernambuco, Ana Maria Benko-Iseppon, 6 milhões de insetos, 7 milhões de aranhas, 500 mil vermes, 200 mil crustáceos e 30.000 espécies de plantas. Um projeto internacional, envolvendo Alemanha (Universidade de Leipzig) e Brasil (Governo de Pernambuco), objetiva transformar o interesse, mantido há meio século pelos cientistas, em ação.




O chamado Programa Dossel Global (do inglês, Global Canopy Programme), orçado em 800 mil euros, objetiva instalar observatórios, usando guindastes ou gruas, capazes de carregar quatro pesquisadores até o topo da mata sem afetar os processos biológicos e sem a necessidade de desmatamento. O tempo previsto de estudo é de 20 anos. “Apesar de possuir as mais extensas e ricas matas tropicais do planeta, o Brasil ainda não tem nenhum projeto com este tipo de equipamento”, alerta Benko-Iseppon, coordenadora do projeto no Brasil. Dez observatórios similares estão em funcionamento na Indonésia, na Austrália, na América Central, na Venezuela e em Madagascar.

O Governo do Estado de Pernambuco, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, está firmando uma cooperação técnico-científica pioneira no país entre Universidade de Leipzig, na Alemanha, e as universidades Federal (UFPE) e Rural (UFRPE) para implantar em breve um dossel no Parque do Horto de Dois Irmãos.

A escolha do local levou em consideração o fato de se tratar de uma mata urbana, com facilidade de acesso e de instalação para o início dos trabalhos. “A preservação da reserva de Mata Atlântica do Horto de Dois Irmãos, além do fácil acesso, se prestará a um menor custo de implantação do projeto, facilitando o treinamento dos pesquisadores nacionais e estrangeiros além de propiciar uma visão dos processos que afetam uma mata em região sob forte pressão humana”, justifica o secretário de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente de Pernambuco, Cláudio Marinho.

A versão final do Programa Dossel Global está sendo aprovada ainda este mês na Alemanha, sob a coordenação do professor Wilfried Morawetz, da Universidade de Leipzig, responsável pelo projeto no exterior. Após a instalação, prevista para julho de 2004, a pesquisadora pretende convocar instituições nacionais e internacionais para integrar um laboratório aberto, desenvolvendo estudos sobre os mais diversos organismos e aspectos com livre troca de informações.

“O mais importante em um projeto como este é desvendar os processos que regem o ecossistema que, hoje se sabe, é da maior importância para o equilíbrio dos eventos climáticos em nosso planeta”, finaliza a professora.

A perda da cobertura vegetal ameaça reservas de água doce

A perda da vegetação florestal e a conversão do terreno a outros usos podem repercutir negativamente nas reservas de água doce, colocar em perigo a sobrevivência de milhões de pessoas e prejudicar o meio ambiente, adverte a FAO.





A XVI Sessão do Comitê de Florestas da FAO (COFO), realizada de 10 a 14 de Março, na sede da FAO, em Roma, sob a presidência do Brasil, focalizou um conjunto de temas que favorecem a intenção de assegurar um tratamento equilibrado e abrangente às questões relacionadas à proteção e ao uso sustentável dos recursos florestais.
Um dos principais foi o tema do financiamento do manejo florestal sustentável e o papel dos programas florestais nacionais na implementação das decisões da Cúpula Mundial da Alimentação+5, realizada em Roma de 10 a 13 de junho de 2002, e da Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, celebrada em Johanesburgo de 26 de agosto a 4 de setembro de 2002.

O encontro contou com a participação de cerca de 300 delegados procedentes de mais de 100 países. A delegação do Brasil esteve chefiada pelo Representante Permanente junto à FAO, Embaixador Flávio Perri, e integrada pelo Diretor-Geral do DME, Ministro Everton Vieira Vargas, por diplomatas do Itamaraty e funcionários do MMA e do IBAMA.
Numa época em que a escassez de água em muitas regiões representa uma ameaça para a segurança alimentar e para o sustento e saúde dos seres humanos, a situação das bacias hidrográficas melhoraria se as montanhas fossem administradas sob uma ótica hidrológica e sócio-econômica, defendeu a FAO num documento amplamente discutido durante a reunião do Comitê. O COFO é o principal fórum da FAO para os debates internacionais sobre políticas e questões técnicas das regiões altas do Planeta. Durante o encontro do Comitê foi apresentado o informe O Estado das Florestas no Mundo 2003.

Florestas contra inundações:

O documento solicita políticas e programas de ação para a ordenação eficaz das bacias hidrográficas e de outras atividades-chave relacionadas com as florestas. Ações para otimizar a economia dos recursos hídricos e ao mesmo tempo prevenir ou mitigar as catástrofes deveriam incluir, por exemplo:
  • Conservação em boas condições da cobertura florestal nas bacias hidrográficas montanhosas sujeitas a chuvas torrenciais;
  • Elaboração de programas que combinem a proteção florestal com o zoneamento, ordenação das zonas inundáveis e obras de engenharia para proteger as pessoas dos deslizamentos de terras, dos desmoronamentos de pedras e das inundações;
  • Sistemas agro-florestais para as bacias hidrográficas das terras altas para aproveitar os benefícios hidrológicos das matas, potencializando ao mesmo tempo a alimentação e a proteção dos recursos naturais para os pobres rurais;
  • Incentivos para todos que se dediquem à melhoria dos bosques e de outra utilização do terreno que limite perdas dos cursos d'água.

Mais de 3 bilhões de pessoas não têm acesso a água potável sendo o problema particularmente agudo em países em desenvolvimento.

Dos mais de 3 milhões de mortes anuais atribuídas à água contaminada e à escassa higiene, mais de 2 milhões correspondem a crianças em países em desenvolvimento. Além disso, todo ano os deslizamentos de terra por causa de chuvas, as inundações e as torrentes produzem grandes perdas de vida e de produtividade econômica, tanto nos países desenvolvidos como naqueles em desenvolvimento.

O documento da FAO sobre florestas e recursos hídricos, destaca a necessidade de incentivar a sensibilização nacional e as políticas ambientais como ajuda na ordenação sustentável dos bosques de montanha e das terras altas. As bacias hidrográficas das florestas de montanha são os receptáculos mais importantes em relação à água doce no mundo, mas também são as áreas mais propensas a sofrer desmoronamentos de terra, aluviões e inundações.

Este encontro, que também significou uma continuidade do Ano Internacional das Montanhas celebrado em 2002 e, com motivo da instituição de 2003 pelas Nações Unidas como Ano Internacional da Água Doce, serviu para divulgar o documento no qual se solicita à comunidade internacional a implementação de políticas e programas de ação para uma ordenação eficaz das bacias hidrográficas e de outras atividades-chave vinculadas com as florestas.

Entre outros assuntos foi discutida a relação entre as florestas e a água doce, além de um estudo sobre as florestas da África e uma análise dos programas da FAO no setor florestal. Deseja-se, com isso, que a ordenação florestal passe a ser um componente decisivo nos programas gerais de administração dos recursos hídricos.

Na discussão relativa à importância dos programas nacionais sobre florestas, cabe salientar que o Brasil é um dos países que mais avançaram na formulação e implementação de políticas voltadas à conservação e ao uso sustentável de suas florestas. A par dos programas de monitoramento por satélite, prevenção de fogo e outros executados pelo IBAMA, o nosso país possui uma estrita legislação para evitar o desmatamento e promover o manejo sustentável de florestas.

O Brasil adotou, em Abril de 2000, o Programa Nacional de Florestas. Esse Programa, que abrange ações em diferentes áreas para a conservação e uso sustentável dos recursos florestais, está em consonância com as propostas de ação adotadas no ano de 2000 pelo Foro Intergovernamental de Florestas (IFF) das Nações Unidas. É importante ainda frisar que as discussões sobre florestas no âmbito da FAO também enfocam a relação entre florestas, combate à fome e promoção da segurança alimentar, atualmente temas prioritários para o Governo brasileiro. O COFO reúne a cada dois anos especialistas em temas florestais com o objetivo de discutir políticas e questões técnicas, propor soluções e subsidiar os Governos, a própria FAO e outros organismos internacionais, na implementação de ações nas áreas de florestas. Embora a principal instância política internacional para a discussão do tema florestal seja, hoje, o Foro das Nações Unidas sobre Florestas (UNFF), que se reunirá em Maio próximo, em Genebra, as discussões no âmbito da FAO deverão contribuir significativamente para o trabalho a ser desenvolvido pelo Foro.

Paralelamente, no período de 17 a 20 de Março de 2003 foi realizada em Viterbo, Itália, a Reunião sobre Monitoramento, Avaliação e Informação no âmbito do Foro das Nações Unidas sobre Florestas (UNFF). O evento é co-patrocinado pelo Brasil, China, Itália, Japão, África do Sul, Suécia, Turquia, Reino Unido e EUA, com o apoio da FAO e do UNFF.

O encontro busca propiciar a troca de informações sobre as experiências nacionais de monitoramento e avaliação dos progressos alcançados na implementação das propostas de ação do Painel Intergovernamental sobre Florestas (IPF) e do Foro Intergovernamental sobre Florestas (IFF) e explorar formas para tornar mais efetivas as atividades de monitoramento e avaliação.

A reunião privilegiou o exame de experiências concretas em temas como, por exemplo, o combate aodesmatamento e à degradação florestal. Nesse contexto, o Brasil, tem relevantes experiências a apresentar, pois dispõe de diversos sistemas e programas de monitoramento e avaliação em áreas florestais, entre os quais o Programa de Prevenção e Controle de Queimadas e Incêndios Florestais na Amazônia Legal – PROARCO; o Sistema Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais – PREVFOGO; o Sistema Integrado de Monitoramento e Controle dos Recursos e Produtos Florestais – SISPROF; o Sistema de Proteção da Amazônia/Sistema de Vigilância da Amazônia – SIPAM/SIVAM; os projetos no âmbito do Programa Piloto para Proteção das Florestas Tropicais do Brasil-PPG-7; o Apoio ao Manejo Sustentável na Amazônia – PROMANEJO o Monitoramento e Controle de desmatamentos e Queimadas – PRODESQUE e, o Programa Manejo de Recursos Naturais da Várzea – PROVARZEA.

O Brasil desempenha um papel de grande relevo nas discussões internacionais sobre florestas por ser o detentor da maior área de florestas tropicais do mundo, bem como por dispor de políticas e instituições dedicadas ao tratamento do tema florestal em suas múltiplas dimensões. Os resultados do Encontro serão submetidos à Terceira Sessão do UNFF, a ser realizada de 26 de Maio a 6 de Junho de 2003, em Genebra.

A Floresta Amazônica e o Futuro do Brasil

Floresta amazônica está sendo derrubada de forma acelerada porque tem pouco valor na percepção da sociedade brasileira atual, apesar de uma parte dos formadores de opinião afirmarem o contrário. Esta contradição entre o discurso e a realidade sócio-político-econômica é comum no mundo e ajuda a entender muito a respeito dos problemas de degradação ambiental que estão minando a sustentabilidade do empreendimento humano. Na realidade, o único “valor” aceito pela sociedade atual é o valor econômico-financeiro presente, ou seja, aquele contabilizado pelo Produto Interno Bruto (PIB) do ano em curso ou do próximo, pois é esse valor que pode reduzir a pobreza de uma parcela da população, dar ao país o “status” de desenvolvido e, logicamente, enriquecer os responsáveis pelo desmatamento
Os demais valores da floresta beneficiam poucos (e.g., o valor estético – que beneficia principalmente os moradores e os eco-turistas), levarão mais tempo para serem realizados (e.g., o uso da biodiversidade que exige investimentos em pesquisa e desenvolvimento) ou simplesmente não são contabilizados no PIB (e.g., os serviços ecológicos – conservação de água e solo, filtragem de poluentes, polinização, etc. – e o valor ético – os direitos à vida dos outros seres vivos da floresta). É evidente que essa visão míope do valor da floresta não reflete seu valor real, nem em curto prazo e muito menos a longo prazo, especialmente se o país pretende ser um membro do primeiro mundo.

A Amazônia não é o Pulmão do Mundo

Não se sabe quem utilizou esta expressão pela primeira vez, mas o sentido dela é que na Amazônia haveria uma enorme produção de oxigênio, o que na verdade não corresponde a realidade, segundo especialistas. Descobertas científicas demonstram que a floresta amazônica encontra-se em estado de “clímax ecológico”: toda a biomassa (o conjunto de matéria viva da região) acaba sendo utilizada por outros organismos para seu metabolismo, produzindo dióxido de carbono. É verdade que a floresta produz uma imensa quantidade de oxigênio mediante a fotossíntese durante o dia. porém, as plantas superiores e outros organismos associados vivendo nessa mesma floresta respiram 24 por dia, ou seja o oxigênio que a floresta produz acaba sendo utilizado na respiração dela mesma. É importante salientar que a floresta amazônica constitui um enorme reservatório de carbono e, quando queimada, produz dióxido de carbono, aumentando assim o “efeito estufa”.

A Amazônia não é o “pulmão do mundo” no sentido comum do termo. No entanto, o sistema florestal da região, alem de evitar a erosão, funciona como uma “esponja”, absorvendo substâncias trazidas pelos ventos e pelas chuvas, sob a forma de poeira e partículas, da África e do Atlântico. Amazônia não é o 'pulmão do mundo', aponta pesquisador. Na capa de muitos jornais, sites, comunidades virtuais e blogs a Amazônia ainda é encarada como o grande “pulmão do mundo”. A idéia de que a floresta seria uma grande purificadora do ar, transformando gás carbônico em oxigênio, já foi desmentida por muitos cientistas, mas ainda sobrevive por aí. Apenas em dois textos do Blog da Amazônia, há 16 comentários que tratam a floresta dessa forma.     

Apesar de haver muitas provas de que a Amazônia não exerce esse papel, é consenso entre os pesquisadores que as extensas áreas de floresta do Norte do Brasil têm grande influência no clima do planeta. Mesmo não sendo o tal pulmão, a Amazônia ainda seria um órgão vital. 

Floresta em equilíbrio      

Pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e um dos cientistas mais respeitados no mundo quando se fala de aquecimento global, o erro já começa no próprio apelido que se deu à Amazônia: “O pulmão não supre o oxigênio, ele tira.” O pesquisador explica que a floresta está em equilíbrio. Todo o gás carbônico capturado por meio da fotossíntese é liberado novamente à atmosfera quando as plantas respiram e quando as árvores morrem e entram em decomposição.     

Feranside ressalta, contudo, que o fato de a Amazônia não funcionar como o tal “pulmão do mundo” não significa que ela possa ser destruída. O desmatamento de milhões de quilômetros quadrados de floresta poderia desregular o regime de chuvas e acentuar o aquecimento global.  

Círculo vicioso  
A floresta está em equilíbrio apenas quando está em pé. Se ocorre uma queimada ou desmate, grandes quantidades de gás carbônico são liberadas na atmosfera, contribuindo para o efeito estufa. Hoje, o Brasil ocupa o quarto lugar entre os maiores emissores de gases que causam esse problema, sendo que cerca de três quartos dessa poluição provêm da destruição da mata. De acordo com Fearnside, odesmatamento é um péssimo negócio para o Brasil. “Além de emitir muito mais carbono do que o combustível fóssil, ele também traz muito pouco benefício para a economia do país, gera muito pouco emprego”, avalia.     

Com o aquecimento do planeta, a floresta corre o risco de entrar em um círculo vicioso de destruição e emissão de gases de efeito estufa, revela o cientista: “Na medida em que se começa a esquentar na Amazônia, morrem muitas as árvores. Com o aumento da temperatura, as árvores também precisam de mais água, e aí aumentam os problemas de incêndio. Além disso, esquenta-se o solo, que começa a liberar carbono. As grandes secas que houve na Amazônia, como a que aconteceu em 2005, tendem a aumentar.”     

Falta de água 
Ainda que o desmatamento e as queimadas não liberassem gases de efeito estufa, a transformação da floresta em pastos ou plantações poderia mudar radicalmente o regime de chuvas. Fearnside explica que grande parte das chuvas do Centro-sul do Brasil são causadas por ventos que trazem vapores da mata no Norte. “Se transformarmos a floresta em pastagens, as chuvas cairão lá (na Amazônia) e irão direto para o oceano. A água não será mais evaporada”, revela.     

Além da falta de água potável – problema que já afeta periodicamente a cidade de São Paulo – a diminuição das chuvas também acarretaria na falta de energia. “No Centro-sul há muitas barragens, que geram energia para o Brasil. Essas hidrelétricas enchem em poucas semanas. Se falharem as chuvas nessas semanas críticas, as represas não enchem pelo resto do ano.”, alerta o pesquisador.