sábado, 21 de abril de 2012

Madeireiras nas quais trabalhadores foram assassinados são denunciadas por desmatamento


São Paulo – O Ministério Público Federal no Pará denunciou à Justiça Federal as madeireiras responsáveis pela exploração ilegal da floresta do assentamento Praialta Piranheira, em Nova Ipixuna, onde foi assassinado no ano passado o casal de extrativistas Zé Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo.
Além das empresas Tedesco Madeiras Ltda, Madeireira Eunápolis Ltda e Madeireira Bom Futuro Ltda, foram denunciadas seis pessoas entre proprietários, administradores e assentados que favoreciam o desmate ilegal. 
A apuração teve início em 2008, após denúncias dos extrativistas, e foi encerrada no ano passado. O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) realizou no período quatro operações de fiscalização, um dos motivos que provocaram inquietude nos desmatadores e levaram à morte dos líderes camponeses. “Verifica-se que as empresas e seus respectivos administradores à época, bem como alguns colonos do projeto de assentamento em questão, promoviam atividades ilegais e lesivas ao meio ambiente”, aponta a denúncia assinada pelo procurador da República Tiago Rabelo.
Segundo o Ministério Público Federal, apenas a Tedesco Madeira foi autuada 16 vezes e acabou interditada em 2009 por depósito, transporte e venda irregular de madeira. A Madeireira Eunápolis e a Bom Futuro também foram autuadas. Se aceita a denúncia pelo Judiciário, os proprietários, Aguilar Tedesco, Aguimar Tedesco e Marlos Tedesco, pai, filho e sobrinho, podem se tornar agora réus no processo de crime ambiental. 
Entre os assentados, Antônio Souza, Edimundo dos Santos Neres e Francisco Genuário Silva foram denunciados por terem serrado e vendido madeira para empresas. “A extração de madeira do assentamento era incentivada, portanto, pelo interesse econômico dos madeireiros ora denunciados, que, atuando naquela região, exploravam economicamente o produto florestal do PA Praia Alta”, diz a denúncia do MPF.

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